https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/issue/feed Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto 2022-11-23T00:00:00+00:00 António Leal linguistica@letras.up.pt Open Journal Systems <p><em>Linguística – Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto</em> aceita propostas de artigos originais sobre qualquer tópico da Linguística, resultado de investigação fundamental e aplicada, em qualquer quadro teórico.</p> https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12805 L' Aktionsart dans la construction rougir de colère 2022-11-21T10:38:14+00:00 Georges Kleiber linguistica@letras.up.pt <p>We aim to study the Aktionsart or lexical aspect of chromatic verbal expressions such as<br>rougir de colère (blush with anger). The aim is twofold. First, to show that the verb blush in<br>these expressions is not the same as the one that appears in purely chromatic uses such as Les<br>pommes rougissent au soleil (Apples blush in the sun). Secondly, to explain the originality of<br>Aktionsart’s “chromo-affective” use of blush.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12806 Valores e usos do diminutivo -inho no Português Europeu e no Português do Brasil 2022-11-21T10:41:24+00:00 Graça Rio-Torto linguistica@letras.up.pt <p>Neste estudo propomo-nos revisitar algumas das dimensões essenciais do sufixo -inho em Português, seja no Português Europeu, seja no Português do Brasil, e analisar algumas das<br>descrições que delas têm sido feitas, em vista a uma clarificação (i) do valor sistémico de -inho<br>no conjunto de sufixos da língua portuguesa, e (ii) dos valores de uso que admite, em função de<br>diversas variáveis, tais como: a natureza da base a que se conecta, a entoação e a intensidade<br>elocutiva com que é usado, a intencionalidade ilocutória do falante, o valor avaliativo a ser<br>transmitido, o registo formal, informal, irónico da mensagem e (d)o contexto situacional em<br>que é usado.<br>Importa diferenciar os valores sistémicos do sufixo dos valores que o derivado em que<br>ocorre veicula, por força das características do texto e da situação linguística em que -inho é<br>usado. Num texto produzido em registo irónico ou sarcástico, toda a mensagem é permeada<br>por estes valores, mas não se pode afirmar que o valor sistémico do sufixo seja o de ironia ou<br>o de sarcasmo, classes que não configuram qualquer paradigma derivacional do português.<br>Assim, além de facultar uma categorização que se deseja clara dos valores semânticopragmáticos<br>associados ao uso deste sufixo, reanalisando alguns mitos que perduram<br>em algumas das suas descrições, preside também à elaboração deste texto uma intenção<br>pedagógica: a de facultar a aprendentes de PL2 uma panorâmica dos valores e usos do sufixo<br>diminutivo -inho, em Português Europeu e do Brasil, que lhes permita usar eficazmente o<br>sufixo, na sua interação com falantes nativos.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12807 Communication, Manipulation, Seduction 2022-11-21T10:44:42+00:00 Herman Parret linguistica@letras.up.pt <p>Communicative interaction is never fully transparent. A definition in terms of pure transfer<br>of information is an impoverishment of the semantic content of a message. Other emotional<br>connotations of linguistic interaction are deeply rooted into the depth of the psychology<br>of subjects. This means that the interaction is often manipulatory and even seductive. This<br>paper tries to present in a more systematic way the conditions of manipulatory and seductive<br>discursive production. Speech acts theory (Austin, Searle) and conversational logic (Grice)<br>offered some tools to formalize more or less these subtle production conditions of nontransparent<br>“communication”.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12808 O eterno caso dos adjetivos temporais e aspetuais 2022-11-21T10:49:15+00:00 Idalina Ferreira linguistica@letras.up.pt et al. linguistica@letras.up.pt <p>O objetivo deste artigo é a análise do comportamento semântico de adjetivos que, na<br>literatura, têm sido designados de temporais e aspetuais, no que diz respeito às leituras que<br>podem ter. Para este efeito, foram selecionados dezasseis destes adjetivos e analisadas cinquenta<br>ocorrências de cada um deles, escolhidas de forma aleatória, no corpus CETEMPúblico.<br>Em termos gerais, verificou-se uma significativa diversidade de leituras em todos os<br>adjetivos considerados, os quais, em maior ou menor grau, são capazes de expressar valores<br>temporais, aspetuais, temporoaspetuais, evidenciando ainda leituras próprias de adjetivos<br>qualificativos e relacionais. Esta diversidade de leituras possíveis levanta problemas a propostas<br>que pretendam catalogar de forma estática (i.e., sem considerar o contexto) este grupo de<br>adjetivos.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12809 Event-related states in secondary predication 2022-11-21T10:54:50+00:00 Ignacio Bosque linguistica@letras.up.pt <p>Analyses of secondary predication based on the aspectual properties of predicative<br>complements are almost standard today. This paper shows that these approaches are not<br>restrictive enough and make a large number of incorrect predictions. It also shows that the<br>meaning of the main (or primary) predicate is essential to restrict the secondary one. Throughout<br>the text, a pragmatically based analysis of the necessary restrictions is compared with one<br>grounded on semantic paradigms, and several examples are proposed of how the latter may<br>be articulated and developed. Event-related states in secondary predication are shown to be<br>necessary, and are claimed to follow from a series if fine-grained semantic notions crucially<br>related to the meaning of the primary verb.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12810 Uma análise para a distinção entre evidencialidade e modalidade epistémica 2022-11-21T10:59:44+00:00 Inês Cantante linguistica@letras.up.pt Rute Rebouças linguistica@letras.up.pt <p>A modalidade e a evidencialidade são domínios que nem sempre são fáceis de distinguir.<br>Apesar de haver línguas que marcam formalmente ambas as categorias, tal não acontece em<br>Português Europeu, havendo, por isso, várias formas e mecanismos que permitem marcar,<br>tanto a evidencialidade, como a modalidade. Por isso, a presente investigação, tendo como<br>objeto de estudo um conjunto de exemplos retirados do corpus CETEMpúblico, pretende<br>avaliar de que forma os adjetivos suposto e alegado, bem como os advérbios supostamente e<br>alegadamente, tradicionalmente considerados modais, contribuem para a distinção entre estes<br>dois domínios e podem, dessa forma, transmitir valores evidenciais. Os exemplos mostram<br>que o comportamento destes adjetivos e correspondentes formas adverbiais é distinto: suposto<br>e supostamente transmitem valores de evidencialidade de suposição, enquanto alegado e<br>alegadamente veiculam evidencialidade reportativa. Tal mostra que ambos demonstram um<br>comportamento mais evidencial do que modal; dito por outras palavras, parece possível<br>afirmar que, embora ambos os domínios estejam representados nestes adjetivos e advérbios, a<br>modalidade vem em segundo plano: a transmissão de valores evidenciais é, por isso, mais forte<br>do que a transmissão de valores modais de incerteza (epistémicos). No caso de alegado, em<br>particular, a modalidade epistémica parece estar relacionada mais com a desresponsabilização<br>do autor do que, propriamente, com a veiculação de um grau de incerteza.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12811 Contraste, concessão e contra-argumentação em textos académicos 2022-11-21T11:04:24+00:00 Isabel Margarida Duarte linguistica@letras.up.pt Alexandra Guedes Pinto linguistica@letras.up.pt Sónia Valente Rodrigues linguistica@letras.up.pt <p>O presente estudo assume uma abordagem integrada de elementos e estruturas<br>gramaticais na perspetiva do funcionamento nos textos/discursos para analisar os valores<br>semântico-pragmáticos e argumentativo-discursivos de enunciados representados pelo<br>esquema conceptual Sim…, Mas…, na escrita académica, concretamente em trabalhos finais<br>(teses e relatórios) de estudantes de Mestrado. Tem por objeto sequências discursivas com<br>movimento argumentativo compósito constituído por um segmento marcado pela concessão<br>e um segmento marcado pelo contraste e a contra-argumentação. De um amplo universo<br>de referência, constituído por relatórios finais de estudantes de Mestrado da FLUP, dos anos<br>2020-2022, selecionaram-se cinco trabalhos em que ocorrem com frequência as sequências<br>discursivas em foco. O conjunto dos enunciados recortados constituiu o corpus deste estudo.<br>Depois do enquadramento teórico, foi realizada uma análise exploratória, de natureza<br>qualitativa e interpretativa, com base em procedimentos como: a segmentação de enunciados<br>com movimentos de concessão e contraste a partir da identificação de elementos linguísticos<br>relacionados com o esquema conceptual Sim…, Mas…; a categorização e descrição desses<br>segmentos, tendo em conta dimensões sintático-semânticas e pragmático-discursivas; a<br>comparação dos valores exibidos pelos enunciados das diferentes categorias; a explicação da<br>ocorrência das construções em análise nos textos do género académico, através da relação com<br>a dimensão situacional/contextual de produção do discurso, articulando elementos de natureza<br>linguística, enunciativa e interacional. Os resultados demonstram que construções contrastivas,<br>como as adversativas e as concessivas, adquirem, no discurso, funções semântico-pragmáticas<br>e discursivo-argumentativas muito semelhantes, contribuindo para a marcação de polifonia<br>discordante mitigada, ao serviço de uma estratégia confrontacional que compatibiliza acordo<br>(embora parcial) e desacordo, estratégia que se revela particularmente adequada no género<br>discursivo em análise. Demonstram, ainda, que esse movimento está presente nos trabalhos<br>académicos de classificações mais elevadas, na avaliação final do curso, assumindo no género<br>textual em causa papel de indicador da capacidade de problematização e de pensamento<br>crítico e divergente dos autores dos textos. Poderá, deste modo, vir a funcionar como marcador<br>específico de valorização da competência de escrita académica.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12812 A vista da ponte das pessoas que vão em fila a caminho do céu 2022-11-21T11:16:49+00:00 João Veloso linguistica@letras.up.pt <p>A composicionalidade, enquanto princípio semântico que se aplica a unidades complexas<br>possibilitando a computação do seu significado global a partir dos significados dos seus<br>constituintes, costuma ser aceite, pelo menos nos estudos sobre línguas indo-europeias, como<br>uma propriedade das frases. No caso das palavras complexas, o papel da composicionalidade<br>é admitido de forma muito limitada. Em línguas como o chinês, porém, em que a maior<br>parte das palavras simples são monossilábicas, gerando uma elevada taxa de densidade<br>homofónica, a construção de palavras complexas a partir de palavras monossilábicas de<br>acordo com procedimentos de natureza composicional corresponde a um recurso muito<br>frequente e muito sistemático. Neste trabalho, a par da necessidade de avaliar princípios<br>como a composicionalidade de forma diferente consoante a língua em que a observamos,<br>defenderemos que as palavras complexas do chinês – ao contrário do que sucede nas línguas<br>indo-europeias – têm uma natureza composicional muito evidente, tal como demonstrado em<br>inúmeros estudos anteriores.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12813 O verbo modal ‘poder’ no presente do indicativo 2022-11-21T11:21:30+00:00 Joaquim Coelho Ramos linguistica@letras.up.pt <p>Este artigo pretende apresentar algumas reflexões sobre o comportamento atípico do verbo<br>modal ‘poder’ no contexto da linguagem jurídica em português europeu. Partindo da análise<br>de exemplos de dois géneros textuais específicos – a lei e a sentença judicial – pretendemos<br>descrever a variabilidade do potencial de interpretação deste verbo, sobretudo tendo em vista<br>a simplificação da sua operação na produção discursiva, em estudos de tradução e em áreas<br>afins.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12814 Visualização da relevância relativa de investigadores a partir da sua produção textual 2022-11-21T11:25:18+00:00 Luís Trigo linguistica@letras.up.pt Pavel Brazdil linguistica@letras.up.pt <p>A construção de uma rede de afinidade de investigadores através do processamento<br>automático das suas publicações permite obter uma perspetiva que vai para além das redes<br>estabelecidas através da coautoria. A definição da importância de cada investigador parte do seu<br>volume de produção bibliográfica, i.e., número de publicações, e também da sua centralidade<br>na rede geral de investigadores. De facto, a centralidade de um investigador numa rede revela<br>a sua importância nos fluxos de comunicação com os outros investigadores, pressupondo deste<br>modo que a comunicação entre investigadores é, em si própria, um fator relevante para a vida<br>organizacional e na sua produção.<br>Tanto os conceitos de rede como de centralidade são melhor interpretados de forma gráfica.<br>Neste estudo, exploramos o fluxo de trabalho que proporcionará estas visualizações e focamos<br>na seleção empírica da medida de centralidade mais adequada. Propomos também um método de visualização da centralidade que facilite a interpretação das medidas selecionadas</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12815 O português e a língua cabo-verdiana no sistema de educação superior na ilha de São Vicente em Cabo Verde 2022-11-21T11:29:26+00:00 Natalia Czopek linguistica@letras.up.pt <p>No presente estudo, dedicar-nos-emos à descrição de um dos âmbitos em que facilmente<br>se nota uma assimetria nas escolhas linguísticas disponíveis para os cabo-verdianos, isto é, o<br>sistema de educação nacional. Em primeiro lugar, traçaremos o contexto socio-histórico do uso<br>do português e do cabo-verdiano no ensino superior, incluindo algumas informações sobre o<br>ensino básico e médio. Na segunda parte, apresentaremos resultados da investigação realizada<br>em 2016/2017 na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, referentes a opiniões de estudantes<br>universitários e do corpo docente, por exemplo, sobre a obrigatoriedade do emprego da<br>língua portuguesa no ambiente escolar ou a escassa presença da língua nacional no ensino<br>superior formal. Para os fins deste estudo, escolhemos 60 entrevistas: 37 com estudantes da<br>Universidade do Mindelo (UM), 15 com estudantes da Universidade de Cabo Verde (Uni-<br>CV) e 8 com professores universitários, especialistas em diferentes áreas científicas (Uni-CV, UM). A metodologia aplicada para a sua descrição vai ser qualitativa, com elementos<br>quantitativos resumidores. As observações finais, na nossa opinião, devido ao pequeno<br>número de participantes, não devem ser consideradas como representativas da opinião de toda<br>a população de São Vicente, podendo, no entanto, constituir um ponto de partida para estudos<br>mais abrangentes.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12816 Expressão do valor genérico nos provérbios portugueses e croatas 2022-11-21T11:32:26+00:00 Nina Lanović linguistica@letras.up.pt <p>Partindo da hipótese de que os provérbios representam protótipos de frases genéricas<br>e tendo em vista que tradicionalmente não têm sido, a nosso ver, devidamente estudados<br>no âmbito da linguística (especialmente da linguística croata), propomos neste trabalho uma<br>reflexão sobre os mecanismos que veiculam o valor genérico dos provérbios. Julgamos que a<br>interpretação genérica, no caso de texto proverbial, resulta da interação de vários fatores – desde<br>os linguísticos, de natureza semântico-pragmática, até certos mecanismos conceptuais. Ao nível<br>linguístico, a genericidade é atualizada no comportamento de várias categorias gramaticais,<br>desde os nomes e sintagmas nominais, adjuntos adverbiais, determinantes e quantificadores,<br>passando pelos valores temporais, aspetuais e modais, até às relações interproposicionais que<br>representam “situações-tipo”. Para fins deste trabalho, concentrámo-nos no sintagma nominal (na posição de sujeito), o aspeto que achamos relevante inclusive em termos de comparação<br>dos textos proverbiais em português e croata, devido às diferenças na expressão da categoria<br>(in)determinação entre duas línguas. A problematização das propriedades do sintagma nominal<br>sujeito requer necessariamente o recurso à natureza semântica das predicações. Sendo a<br>genericidade um “universal” linguístico, mas também lógico e conceptual, propomos-nos<br>indagar os mecanismos em que se atualiza nos provérbios portugueses (Português Europeu)<br>e croatas.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12817 Nomes simples sujeitos pré-verbais 2022-11-21T11:35:26+00:00 Nuno Verdial Soares linguistica@letras.up.pt <p>Os estudos sobre sintagmas nominais simples (NS) partem da relação estabelecida por<br>Carlson (1977) entre as suas leituras (genérica ou existencial) e os tipos de predicado (espécie,<br>indivíduo ou estádio) com que ocorrem em inglês.<br>Há quase um consenso sobre o facto de os NS projetarem SDET e a posição D vazia ser a<br>chave para as leituras obtidas. Considera-se aqui também uma projeção de número no interior<br>do SDET para a qual o nome se move para verificar traços como [contável] e [plural]. A posição<br>D contém traços que, em português europeu (PE), não são verificados por subida do nome.<br>Segundo Oliveira &amp; Cunha (2003), os nomes de espécie em PE dependem crucialmente<br>da presença de um determinante definido. Os NS não são nomes de espécie e não podem ter<br>leituras genéricas.<br>Assim, os NS sujeitos pré-verbais em PE ocorrem como tópicos marcados, em frases que<br>constituem juízos categóricos, com leituras não existenciais, com predicados de espécie ou<br>de indivíduo ou em frases caracterizadoras. Ocorrem com leituras existenciais, em frases que<br>constituem subtópicos discursivos em descrições, como scripts (Fillmore 1985).<br>A sobrevivência dos NS em posição pré-verbal depende da sua combinação com os tipos<br>de predicado e também com os valores de Aktionsart, em que o traço [+habitual] determina<br>a subida do sujeito para uma posição pré-verbal (Espec, ST ou STop). A posição na periferia<br>esquerda da frase (não argumental, que foge à restrição de comando-c assimétrico pelo verbo<br>ou pela preposição) permite uma leitura não existencial e os traços não verificados em D<br>vazio são legitimados por um traço dessa posição, nomeadamente, por [acerca de / quanto a],<br>(Reinhart 1981).<br>Os NS e os contextos em que ocorrem podem fazer parte da gestão do campo comum<br>aos participantes (Bianchi &amp; Frascarelli 2010). São tópicos ‘acerca de’ (em inglês, aboutness<br>topics) ou tópicos contrastivos (Büring 1999), e ocorrem fundamentalmente em frases matriz<br>ou subordinadas epistémicas.<br>A sua leitura não existencial com predicados de atividade depende também de um efeito<br>de paralelismo: NS objeto facilitam a leitura não existencial dos NS sujeito com predicados<br>com valor [+ habitual]. A construção de Topicalização (Duarte 1987, 1996) acomoda a<br>descrição sintática do comportamento dos NS com leitura não existencial.<br>Em descrições, os NS ocorrem como subtópicos de um script (Fillmore 1985): são<br>informações decorrentes de uma situação estereotipada. Os scripts organizam-se numa<br>hierarquia em que os níveis mais baixos têm uma relação de partonímia com os níveis mais altos (Abbot et al. 1985). Os NS são lidos como existenciais, reconstruídos numa posição pósverbal<br>e são juízos téticos. A posição pré-verbal confere-lhes proeminência e a sua posição<br>em Espec, ST decorre de uma acumulação de eventos ou estados ou de uma conexão lógica<br>em que o conector é nulo, sendo a relação (paratática) com o contexto sintático decorrente da<br>hierarquia do script. Quando os NS coocorrem com o Presente do indicativo, este nunca tem<br>um traço [+gnómico]/ [+habitual].</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12818 A pragmática dos dogwhistles 2022-11-21T11:38:41+00:00 Pedro Santos linguistica@letras.up.pt <p>Os dogwhistles são mecanismos comunicativos de expressão de significados subliminares.<br>Neste artigo, assumo a distinção, usual na literatura sobre o tema, entre dois tipos de<br>dogwhistle: os explícitos e os implícitos, sendo que nestes últimos, ao contrário dos primeiros,<br>a preservação do carácter subliminar da mensagem parece ser uma condição necessária de<br>sucesso comunicativo do dogwhistle. Explorando vários aspectos desta distinção, argumento<br>que, no entanto, os dogwhistles de ambos os tipos se deixam analisar como implicaturas<br>conversacionais, em particular tendo em conta as propriedades canónicas da cancelabilidade<br>e da calculabilidade.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12819 Modalidade epistémica e persistência 2022-11-21T11:41:33+00:00 Rui Marques linguistica@letras.up.pt <p>A adição de bem a uma proposição modalizada, como em é bem possível que ele já<br>tenha saído, aumenta o grau de convicção veiculado. Aparentemente, este reforço epistémico<br>decorrente da presença de bem corresponde à expressão de um grau de crença mais elevado<br>do que o que é expresso sem bem. Concretamente, enquanto ser possível que p indica que<br>p é uma possibilidade, ser bem possível que p indicará que p é uma boa possibilidade A<br>ser assim, o significado de construções resultantes da adição de bem a uma proposição<br>modalizada pode ser captado no quadro da análise da modalidade em Krazter (1991, e.o.),<br>que considera diferentes graus de modalidade expressáveis pelas línguas naturais, entre os<br>quais o de possibilidade e o de boa possibilidade. Deste modo, será compreensível que bem<br>possa coocorrer com operadores modais fracos, como ser possível, poder, ou ser capaz, mas<br>não com modais fortes, como dever ou ter de, dado que estes últimos já codificam um valor<br>forte, sendo normal que o mesmo não possa ser reforçado com a adição de bem.<br>No entanto, há contra-argumentos a esta hipótese, que, entre outros problemas, não<br>permitem explicar porque é que bem pode coocorrer com vários tipos de operadores modais<br>ou verbos de atitude proposicional que expressam um valor epistémico forte, como, e.g., certo,<br>em é bem certo!, ou saber, em ele sabe bem que está atrasado. Assim, levantam-se duas<br>questões: (i) como explicar o reforço epistémico resultante da adição de bem a uma frase<br>com um operador modal epistémico? (ii) por que razão bem se pode combinar com alguns<br>operadores modais epistémicos, mas não com todos?<br>É apresentada e explorada uma hipótese alternativa, de acordo com a qual bem não<br>contribui para as condições de verdade da frase, antes desempenhando uma função a nível<br>discursivo. Concretamente, a hipótese defendida é que a adição de bem a uma proposição<br>modalizada indica a expetativa de que essa proposição se mantenha válida com a continuação<br>do discurso. Ou seja, bem tem a função de tornar persistente a proposição em que ocorre.<br>Assumindo esta hipótese, o significado das construções resultantes da adição de bem a uma<br>frase modalizada é captável por uma análise da modalidade no quadro da semântica dinâmica,<br>em que o significado de uma frase é concebido como o potencial que essa frase apresenta<br>para atualizar a informação do contexto (ou estado de informação) relativamente ao qual é<br>asserida. Esta análise permite responder às duas questões consideradas. O reforço epistémico<br>concretizado pela adição de bem corresponde à veiculação da expetativa de que a proposição<br>modalizada se mantenha válida com o avanço do discurso. A razão para bem poder coocorrer<br>com alguns operadores epistémicos, mas não com todos, decorrerá do tipo de estado epistémico<br>descrito pela frase com cada um deles. Como previsto pela hipótese em causa, bem não pode<br>coocorrer com operadores modais que expressam uma inferência decorrente de informação<br>particular e que pode não se manter com a aquisição de nova informação.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12820 Breves considerações sobre os nomes coletivos em Português Europeu 2022-11-21T11:44:56+00:00 Violeta Amélia Magalhães linguistica@letras.up.pt <p>O presente artigo propõe uma abordagem ao tema dos nomes coletivos em Português<br>Europeu, enfatizando sobretudo alguns nomes coletivos que denotam grupos organizados de<br>humanos. Começaremos por problematizar a definição dos nomes coletivos, introduzindo,<br>para esse propósito, uma distinção entre referência coletiva e um sentido de grupo geral. De<br>seguida, será explorada a variabilidade que carateriza os nomes coletivos através da aplicação<br>de alguns testes de gramaticalidade. Mais à frente, defenderemos que os nomes coletivos podem<br>ser interpretados enquanto uma entidade coletiva única, tal como proposto por Raposo (2013),<br>ou como entidades plurais (Ritchie 2018), que concedem acesso aos átomos que o constituem. Por fim, apresentaremos dois problemas semânticos que envolvem os nomes coletivos. Em<br>primeiro lugar, discutiremos a relação que se poderá estabelecer entre nomes coletivos e alguns<br>nomes próprios. Em segundo lugar, será explorada uma comparação entre nomes coletivos e<br>certas expressões plurais. Em suma, defenderemos os nomes coletivos enquanto entidades que,<br>de forma única em relação aos restantes nomes e expressões nominais, introduzem no discurso<br>uma referência coletiva.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12821 Volume completo 2022-11-21T11:47:16+00:00 Linguística linguistica@letras.up.pt <p>.</p> 2022-11-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto