Uma análise para a distinção entre evidencialidade e modalidade epistémica

o caso dos adjetivos alegado e suposto e respetivas formas adverbiais

Autores

  • Inês Cantante
  • Rute Rebouças

Resumo

A modalidade e a evidencialidade são domínios que nem sempre são fáceis de distinguir.
Apesar de haver línguas que marcam formalmente ambas as categorias, tal não acontece em
Português Europeu, havendo, por isso, várias formas e mecanismos que permitem marcar,
tanto a evidencialidade, como a modalidade. Por isso, a presente investigação, tendo como
objeto de estudo um conjunto de exemplos retirados do corpus CETEMpúblico, pretende
avaliar de que forma os adjetivos suposto e alegado, bem como os advérbios supostamente e
alegadamente, tradicionalmente considerados modais, contribuem para a distinção entre estes
dois domínios e podem, dessa forma, transmitir valores evidenciais. Os exemplos mostram
que o comportamento destes adjetivos e correspondentes formas adverbiais é distinto: suposto
e supostamente transmitem valores de evidencialidade de suposição, enquanto alegado e
alegadamente veiculam evidencialidade reportativa. Tal mostra que ambos demonstram um
comportamento mais evidencial do que modal; dito por outras palavras, parece possível
afirmar que, embora ambos os domínios estejam representados nestes adjetivos e advérbios, a
modalidade vem em segundo plano: a transmissão de valores evidenciais é, por isso, mais forte
do que a transmissão de valores modais de incerteza (epistémicos). No caso de alegado, em
particular, a modalidade epistémica parece estar relacionada mais com a desresponsabilização
do autor do que, propriamente, com a veiculação de um grau de incerteza.

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Publicado

2022-11-23