Nomes simples sujeitos pré-verbais

Autores

  • Nuno Verdial Soares

Resumo

Os estudos sobre sintagmas nominais simples (NS) partem da relação estabelecida por
Carlson (1977) entre as suas leituras (genérica ou existencial) e os tipos de predicado (espécie,
indivíduo ou estádio) com que ocorrem em inglês.
Há quase um consenso sobre o facto de os NS projetarem SDET e a posição D vazia ser a
chave para as leituras obtidas. Considera-se aqui também uma projeção de número no interior
do SDET para a qual o nome se move para verificar traços como [contável] e [plural]. A posição
D contém traços que, em português europeu (PE), não são verificados por subida do nome.
Segundo Oliveira & Cunha (2003), os nomes de espécie em PE dependem crucialmente
da presença de um determinante definido. Os NS não são nomes de espécie e não podem ter
leituras genéricas.
Assim, os NS sujeitos pré-verbais em PE ocorrem como tópicos marcados, em frases que
constituem juízos categóricos, com leituras não existenciais, com predicados de espécie ou
de indivíduo ou em frases caracterizadoras. Ocorrem com leituras existenciais, em frases que
constituem subtópicos discursivos em descrições, como scripts (Fillmore 1985).
A sobrevivência dos NS em posição pré-verbal depende da sua combinação com os tipos
de predicado e também com os valores de Aktionsart, em que o traço [+habitual] determina
a subida do sujeito para uma posição pré-verbal (Espec, ST ou STop). A posição na periferia
esquerda da frase (não argumental, que foge à restrição de comando-c assimétrico pelo verbo
ou pela preposição) permite uma leitura não existencial e os traços não verificados em D
vazio são legitimados por um traço dessa posição, nomeadamente, por [acerca de / quanto a],
(Reinhart 1981).
Os NS e os contextos em que ocorrem podem fazer parte da gestão do campo comum
aos participantes (Bianchi & Frascarelli 2010). São tópicos ‘acerca de’ (em inglês, aboutness
topics) ou tópicos contrastivos (Büring 1999), e ocorrem fundamentalmente em frases matriz
ou subordinadas epistémicas.
A sua leitura não existencial com predicados de atividade depende também de um efeito
de paralelismo: NS objeto facilitam a leitura não existencial dos NS sujeito com predicados
com valor [+ habitual]. A construção de Topicalização (Duarte 1987, 1996) acomoda a
descrição sintática do comportamento dos NS com leitura não existencial.
Em descrições, os NS ocorrem como subtópicos de um script (Fillmore 1985): são
informações decorrentes de uma situação estereotipada. Os scripts organizam-se numa
hierarquia em que os níveis mais baixos têm uma relação de partonímia com os níveis mais altos (Abbot et al. 1985). Os NS são lidos como existenciais, reconstruídos numa posição pósverbal
e são juízos téticos. A posição pré-verbal confere-lhes proeminência e a sua posição
em Espec, ST decorre de uma acumulação de eventos ou estados ou de uma conexão lógica
em que o conector é nulo, sendo a relação (paratática) com o contexto sintático decorrente da
hierarquia do script. Quando os NS coocorrem com o Presente do indicativo, este nunca tem
um traço [+gnómico]/ [+habitual].

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Publicado

2022-11-23