A «casa de cristal». (Re)considerar Eduardo Lourenço de uma perspetiva educativa
Resumo
PT
Em breve e passageira reflexão que toma a educação por mote, Eduardo Lourenço aborda imageticamente a escola como «casa de cristal». Na sua fragilidade, como na sua translucidez, a escola é espelho social e projeto político-cultural, cujos alicerces vivem sob achaque permanente, ao ponto de terem incorporado esse abalo na sua própria definição. Esta reflexão pretende reconsiderar a escrita de Eduardo Lourenço a partir de uma lente educativa, com os textos relativos ao chamado «tempo brasileiro» a servirem de impulso ao que poderá ser uma implícita reverberação educativa da sua voz enquanto intelectual público.
EN
In a brief and fleeting reflection on education, Eduardo Lourenço imagines the school as a «crystal house». In its fragility, as in its transparency, the school is a social mirror and a political-cultural project, whose foundations are under permanent shackling, to the point that they have incorporated this shackling into their very definition. This reflection aims to reconsider Eduardo Lourenço’s writing through an educational lens, with the texts relating to the so-called «Brazilian time» serving as an impetus for what may be an implicit educational reverberation of his voice as a public intellectual.
Referências
Agamben, G., Profanações, Cotovia, Lisboa, 2006
Baptista, M. M. – M. M. Cruzeiro – F. Castro, Tempos de Eduardo Lourenço. Contraponto, Lisboa, 2023.
Boavida, J., Educação Filosófica. Sete Ensaios. Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2010.
Cruzeiro, M. M., Eduardo Lourenço. O regresso do corifeu. Notícias Editorial, Lisboa, 1997.
Giroux, H., Os professores como intelectuais. Rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Artes Médicas, Porto Alegre, 1997.
Giroux, H., Pedagogy of resistance: against manufactured ignorance. Bloomsbary Academic, London, 2022.
Heidegger, M., «La parole», in Acheminement vers la parole, Gallimard, Paris 1999, pp. 11–37.
Heidegger, M., «Lettre sur l’humanisme», in Questions III et IV, Gallimard, Paris 1996, pp. 65–127.
Kant, I., «Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?», in A Paz Perpétua e outros ppúsculos, Edições 70, Lisboa 1992, pp. 11–19.
Kierkegaard, S., Miettes philosophiques. Gallimard, Paris, 1990.
Lourenço, E., «A educação como crise e a crise da educação», Finisterra. Revista de Reflexão e Crítica, (2004), 7–11.
Lourenço, E., «As Faculdades de Filosofia no Brasil e o destino da sua cultura», in M. L. Soares (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, IV - Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2018, pp.175-184.
Lourenço, E., «Carta a Camila», M. L. Soares (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, IV - Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2018, pp.313-317.
Lourenço, E., «Como falar sobre poesia?», in C. M. Sousa (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, III - Tempo e Poesia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2016, pp. 229-230
Lourenço, E., «Da filosofia e da sua relação com a ideologia», in J. T. P. Lima (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, I - Heterodoxias, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2011, pp. 487-489.
Lourenço, E., Do colonialismo como nosso impensado. Gradiva, Lisboa, 2016.
Lourenço, E., «Esfinge ou a Poesia», C. M. Sousa (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, II - Tempo e Poesia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2016, pp. 69-72.
Lourenço, E., «O ensino superior no Brasil», in M. L. Soares (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, IV - Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2018, pp.185-188.
Lourenço, E., «O mito da comunidade Luso-Brasileira», in M. L. Soares (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, IV - Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2018, pp. 237-258.
Lourenço, E., Obras Completas de Eduardo Lourenço, XIII - O labirinto da saudade e outros ensaios sobre a cultura portuguesa. João Dionísio (ed.), Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2023.
Lourenço, E., «Orfeu e Abraão ou a poesia, a lucidez e a fé», in C. M. Sousa (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, III - Tempo e Poesia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2016, pp. 233-235.
Lourenço, E., «Prólogo sobre o espírito da heterodoxia», in J. P. Lima (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, I - Heterodoxias, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2011, pp. 31-35.
Monteiro, H., «O ensaio como irresolução. Contemporaneidades de Eduardo Lourenço», Agora: Papeles de Filosofía 43, n.º 2 (2024). https://doi.org/https://doi.org/10.15304/ag.43.2.9058.
Pereira, M. B., «Iluminismo e secularização», in Obras Completas, II, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2014, pp. 3–58.
Ribeiro, M. C. – R. Vecchi, Eduardo Lourenço. Uma geopolítica do pensamento. Afrontamento, Porto, 2023.
Santos, J. T., Da filosofia no liceu. Seara Nova, Lisboa,1974.
Soares, M. L., «O período brasileiro: notícias sobre um legado florescente», in M. L. Soares (ed.), Obras Completas de Eduardo Lourenço, IV - Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2018, pp. 611-658.
Soromenho-Marques, V., Direitos Humanos e Revolução. Colibri, Lisboa, 1991.
Vicente, J. N., «Subsídios para uma crítica do discurso pedagógico», in O Homem e o Tempo. Liber Amicorum Para Miguel Baptista Pereira, Fundação Engenheiro António de Almeida, Porto, 1999, pp. 367–96.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Monteiro Hugo, Duarte Pedro

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.

