A cópia escolar enquanto atividade parcialmente atenuante de incorreções caligráficas na alfabetização

Resumo

É sabido que a escrita de um texto pode ser comprometida pela
falta de domínio de um redator em níveis mais elementares da escrita, como
a produção das letras do alfabeto. Por essa razão, atividades pedagógicas são
selecionadas por professores como um meio de trabalhar o aprendizado da
produção das letras, a exemplo da cópia. Com base nessa reflexão, neste artigo
é verificada a recorrência/persistência de falhas no registro dos traços
invariantes que diferenciam as letras entre si, do alfabeto latino, o que ocasiona
a escrita de palavras inadequadas, ou até inexistentes no léxico, produzidas
por alfabetizandos expostos tão somente à prática da cópia mecânica
de textos colocados na lousa por professores dos 1.º ao 2º. anos do Ensino
Fundamental. Para tanto, 86 crianças de três escolas públicas de Florianópolis,
Santa Catarina, foram avaliadas quanto à qualidade dos traços invariantes
que distinguem entre si as 26 letras do alfabeto latino, contabilizando-se as incorreções
em tais traços, em três momentos durante os 1.º e 2.º anos. A análise
quantitativa dos dados demonstrou que algumas incorreções, relacionadas
aos traços invariantes das letras, observadas ao final do 1.º ano persistiram ao
final do 2º. ano. Apesar desse resultado, observou-se que houve uma evolução
nos desempenhos do final do 1.º ano à metade do 2.º ano, com decréscimo
ao final do 2.º ano. Esse resultado mostra o quanto a prática da cópia textual
não retém de forma permanente a aprendizagem dos gestos manuais capazes
de garantir a escrita das letras sem falhas, em crianças em processo inicial de
alfabetização.