«O Diabo anda à solta»:
o culto a São Bartolomeu na Foz do Douro
Resumo
A 24 de agosto, dia em que São Bartolomeu encarna nas águas e o Diabo anda à solta, os fiéis de Oitocentos dirigiam-se às praias da Foz do Douro para o banho santo, na procura de proteção contra males de pele, gaguez ou efeitos demoníacos. Através dele, expugnavam-se os pecados da pele anterior para dar lugar a uma alma e corpo renovados. Este ato de carácter apotropaico e profilático foi transferido para a prática cultural que hoje conhecemos: o Cortejo dos Trajes de Papel de São Bartolomeu. Esta manifestação de carácter lúdico e espontâneo teve origem na antiga romaria, mantendo a memória do despojar dos trajes nas águas.
Partindo da imagem de São Bartolomeu da Igreja de São João da Foz do Douro, pretendemos neste estudo descortinar a evolução do culto, as práticas e rituais a que estava associada e de que forma pode ser entendida como suporte de permeabilidades culturais, reforçando a necessidade do estudo da imagem no seu contexto.