Música em pedra —

imagens de música na escultura românica em Portugal

Autores

  • Luís Correia de Sousa

Resumo

Sendo praticamente inexistentes instrumentos musicais do Românico, as fontes iconográficas revestem-se de particular importância para nos aproximarmos do universo musical daquela época. O estudo das imagens permite esclarecer um pouco mais sobre a forma de execução, as dimensões relativas dos instrumentos, a relação com outras expressões artísticas, como a dança, por exemplo, ou confirmar outros elementos relevantes. É de notar que para os escultores daquele período a figuração de instrumentos constituiu um desafio novo, uma vez que na Alta Idade Média as imagens musicais surgem quase exclusivamente nos manuscritos iluminados. Assim, o Românico é, também neste domínio, um período de ensaio, de descoberta. Relativamente ao Românico peninsular e francês, pode afirmar-se que havia alguns motivos que circulariam entre estaleiros, seguramente devido à circulação de artífices e mestres construtores. No caso português não há grandes programas iconográficos. Os temas figurativos representam uma pequena parte da escultura, na maioria dos casos escultura ornamental de cariz vegetalista presente em modilhões ou capitéis. Em termos de variedade de instrumentos musicais, predominam os cordofones; os aerofones são todos instrumentos de sinais, tipo olifantes. Todavia, o ímpeto construtivo registado no nosso Românico favoreceu e impulsionou a introdução de novos valores estéticos e icónicos, para o qual a Música foi chamada a dar o seu contributo, mesmo enquanto testemunho mudo de uma cultura musical muito rica.

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Publicado

22-12-2024

Edição

Secção

Dossier Temático