Chamada de artigos 2025 2.º Semestre
HISTÓRIA - REVISTA DA FLUP - NÚMERO 15 – 2.º SEMESTRE, IV SERIES, 2025
Dossier temático: “Camões: abordagens históricas do poeta e do símbolo”
Data limite de submissão de propostas: 30 de junho de 2025
Coordenação do dossiê temático:
Conceição Meireles Pereira (Faculdade de Letras da Universidade do Porto; CITCEM)
Em tempos de comemorações do V Centenário do nascimento de Luís de Camões, História – Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto associa-se à efeméride, visando contribuir para o alargamento da compreensão do seu legado histórico e lugar primordial na memória da nação.
A figura do poeta – agente histórico cuja vida, ainda que com pormenores deficientemente conhecidos, se desenrolou entre diversos mundos culturais e geográficos – e a sua obra, sobretudo a épica, suscitaram, ao longo dos tempos, múltiplas leituras, significações e até controvérsias. Estas tramas densificaram a sua representação como símbolo nacional e da cultura portuguesa, tanto no país como na diáspora, especialmente no Brasil, mas também como intérprete de uma cultura nova no contexto ocidental, abordagem que recebeu contributos de diferentes partes do mundo.
As interpretações da sua obra por diversas áreas do saber, as numerosas publicações/traduções, assim como homenagens e evocações de diferente natureza que suscitou ao longo dos tempos expressam os diferentes usos que distintas épocas e sensibilidades têm adotado face a esta figura-símbolo, recorrendo a argumentos que sustentam um vasto leque de perspetivas e enfoques.
Mais intensamente a partir do século XIX, com a valorização do conceito de identidade nacional e a sucessão de embates ideológicos (visíveis, desde logo, nas comemorações de 1880), o simbolismo da figura consolidou-se a par do alargamento dos estudos relativos à sua obra, assumindo reflexões inovadoras que se repercutiram nas narrativas sobre a pátria, tópico a que o próprio poeta-soldado não se furtou, crítico e inconformado.
Citem-se, a mero título de exemplo, as revisitações da sua vida, viagens e obra feitas por Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Gomes de Amorim, Latino Coelho, António Feliciano de Castilho, Oliveira Martins, Teófilo Braga, Afonso Costa ou Gago Coutinho. Também relevante foi a divulgação da sua obra em edições para o povo e as escolas, bem como os estudos de iconografia, astronomia, ou ainda permutas e influências sobre outras figuras e literaturas estrangeiras.
Numa seleção que ora priorizava o (re)conhecimento de partes da produção camoniana, ora omitia outras, os grupos ascendentes prodigalizaram discursos que validavam opções históricas e políticas, entre elas, as do colonialismo. Por sua vez, os discursos de contestação aos poderes estabelecidos não dispensaram Camões para respaldar argumentos de reforma e mudança. Por exemplo, uma antologia de textos anticoloniais compilada por Marcel Merle, em 1969, incluía o discurso do Velho do Restelo
O século XX (e seus diferentes regimes) prosseguiu pois a reelaboração do valor simbólico do poeta e assistiu à renovação de estudos da sua obra por parte de grandes vultos das letras, num labor de interpretação amplamente cultural do património camoniano. Veja-se, de igual modo, o papel do 10 de Junho, suas continuidades e metamorfoses.
Refiram-se ainda as manifestações artísticas, designadamente nas artes plásticas ou na música, mas também no ensino e seus programas oficiais, refletindo diferentes escolhas e enfrentando desafios constantes.
Com efeito, o arsenal camoniano reveste-se de multíplices dimensões que continuam a mobilizar a reflexão da comunidade científica. Assim, convidam-se todos os interessados a apresentarem propostas de artigos que permitam alargar os estudos históricos, comparativos e interdisciplinares sobre o poeta, o símbolo e as suas representações, em diferentes cronologias e espaços.
A Revista aceita originais nas seguintes línguas: Português, Espanhol, Francês e Inglês
A Revista admite ainda artigos para as secções “Outros Estudos” e “Recensões críticas”
