“Não sei como dizer em português para não sembrare tão maleducada” – o ato de censura na interlíngua de falantes de PLNM“
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red11a9Palavras-chave:
Pragmática da Interlíngua, Ato ilocutório de censura, Speech act set, Estratégias de modificação, Falhas pragmáticasResumo
No âmbito da Pragmática da Interlíngua, são raros os estudos sobre a forma como os alunos de uma LE/L2 produzem o ato ilocutório de censura. Este é um ato exigente, uma vez que atenta contra a face do interlocutor, podendo dar origem a emoções negativas e tendo, portanto, claras implicações no plano das relações interpessoais. O presente estudo visa analisar, de uma perspetiva pragmática, o ato ilocutório de censura, produzido por alunos de PLNM, em contexto formal e assimétrico. A partir de um conjunto de produções orais de alunos de nível B1, reunidas no corpusCOral-Co, e tendo como suporte o modelo de Nguyen (2005), a presente análise pretende (i) identificar as formulações diretas e indiretas do ato de censura; (ii) listar as fórmulas semânticas utilizadas pelos alunos; (iii) avaliar as estratégias de modificação a que os alunos recorrem e (iv) apresentar uma proposta para a estrutura prototípica do complexo ilocutório produzido por esses alunos. Os resultados apontam para um continuum entre os atos de censura e de pedido e para a existência de duas áreas críticas, uma relativa à utilização errónea das formas de tratamento, e outra gerada pela utilização concomitante de estratégias atenuadoras e intensificadoras.
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