As línguas vernaculares e a identidade cultural em Literatura Moçambicana de Língua Portuguesa: o encontro de vozes entre Paulina Chiziane e Mia Couto
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red11a1Palavras-chave:
Literatura moçambicana, Interdiscursividade, Identidade culturalResumo
Alguns romances moçambicanos escritos em língua portuguesa trazem consigo um vocabulário de línguas vernaculares moçambicanas, desenvolvido no corpo do romance e traduzido no seu glossário. Como parte do que há de moçambicano nesta literatura em língua portuguesa, o glossário evidencia o fundo que as línguas moçambicanas emprestam ao português na comunicação, apesar da sua “marginalização” neste país onde a comunicação oficial está reservada ao Português padrão. Não obstante o seu rico conteúdo linguístico e literário, o estudo do glossário, como parte do romance, ainda não atraiu a atenção da crítica literária e linguística de Moçambique. Há que compreender o campo lexical usado e as situações de comunicação nas quais se recorre a essas línguas, se existem algumas realidades socioculturais moçambicanas que a língua portuguesa não transmite efetivamente, tornando imperioso o uso das línguas vernaculares. Este trabalho baseia-se nestas questões e o seu corpus é o glossário dos romances Ventos do apocalipse, de Paulina Chiziane e O outro pé da sereia, de Mia Couto. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica na visão de Fonseca (2002) cuja análise recorre a algumas teorias como Charaudeau (2002) sobre a relação entre identi-dade cultural, língua e discurso.
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