Argumentação e Escola Sem Partido: debatendo a factualidade da hegemonia esquerdista
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red15a3Palavras-chave:
Argumentação Prática, Argumentação Epistêmica, Desacordo Epistêmico, Argumentário, Escola Sem PartidoResumo
O Escola Sem Partido tem sido um objeto de tematização na esfera midiática brasileira desde a primeira metade dos anos 2000. Ao longo da disputa, foi tornando-se relevante o debate que se dava em torno de certos pontos de desacordo entre aquilo que favoráveis e contrários ao ESP concebiam como factual, dando origem a disputas subsidiárias ao debate como um todo. Isso posto, temos como objetivo neste artigo analisar a dinâmica de refutação de um dos argumentos do enquadramento do problema acerca da proposta original de implementação do ESP. Para isso, mobilizamos discussões sobre argumentação epistêmica (Toulmin, 2006[1958]; Toulmin; Rieke; Janik, 1984[1978]), argumentação prática (Gonçalves-Segundo, 2023; Fairclough; Fairclough, 2012), argumentário (da Silva, 2022; da Silva; Gonçalves-Segundo, 2024; Gonçalves-Segundo, 2023; 2024; Plantin, 2008[2005]; Grácio, 2015), questão argumentativa (Grácio, 2013; Plantin, 2008[2005]; Gonçalves-Segundo, 2020) e questão argumentativa subordinada. Para nossa análise, utilizamos a reconstrução de dois argumentos derivados de e reconstruídos a partir de recortes de um conjunto de textos que versam sobre o ESP, que, analiticamente, nos permite observar a dinâmica argumentativa do argumentário (da Silva, 2022) da disputa. Resultados apontam para um movimento de levantar questionamentos acerca daquilo que originalmente foi perspectivado como não tensionado, permitindo-nos flagrar como distintas discursividades perspectivam o real a partir de seus compromissos de valor.
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